BIG GAME FISHING
O Big Game Fishing iniciou-se oficialmente, a nível Açores, em Ponta Delgada, no início dos anos 50 com a chegada da lancha “Furnas”, construída na Madeira.
No Verão de 1964 e no decorrer da sua 2ª “expedição” aos Açores, o Cor. Pierre Clostermann vem pescar nos mares do Faial a bordo desta embarcação.
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Nos últimos anos da década de 70, Ricardo M. Madruga da Costa, presidente da Comissão Regional de Turismo, traz à Horta o conhecido pescador e jornalista inglês Trevor Housby. A bordo da “N. Sra. Das Alfândegas” (actual “Maria José”) comandada por Eddy Briant e equipada com uma “fighting chair” artesanal, iniciam-se 2 ou 3 campanhas de prospecção sobre o potencial dos nossos mares para o big game fishing. Deste esforço, ao qual se juntou a Pescatur, resultaram muitas capturas de tubarões e atuns. À noite, junto ao churrasco do Vitório, o Trevor confidenciava: “Os grandes peixes estão a chegar”.
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Realmente nos anos 80 os espadins azuis e os brancos fizeram a sua aparição em força, para além de outro peixes raramente vistos por aqui. Atrás deles vieram os grandes pescadores, armadores, jornalista e tripulações de profissionais bem cotados com embarcações do mais sofisticado.
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Ao desembarcar de uma saída em que foram capturados 6 espadins azuis, Tony Arruza declarou:
Isto não é pesca, é guerra. Para quem mora em Miami…
Os recordes europeus e mundiais começaram a aparecer. Horta é um nome muito frequente no World Record of Game Fishes, edição IGFA, sobretudo no início dos anos 90.
Por exemplo Leo Clostermann, armador do Double Header “distrai-se” a acrescentar recordes vários, à sua longa lista, nomeadamente espadins azuis com linhas de 8, 12 e 6 lbs.
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Um espadim azul com 1.146 lbs., o 1º grander, é pescado por Lawrence Furman com linha de 50 lbs em 1991. Em 93 é a vez de Jacky Delbrel capturar outro espadim azul, grander com 1.198 lbs, com linha de 80 lbs.
Embora os espadins azuis fossem um dos peixes mais ambicionados, o mar fervilhava de outros troféus: espadins brancos, atuns incluindo rabilhos (bluefins) enormes, spearfish, tubarões, wahoos, espadartes, etc.
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1996 foi um ano de elite. Delbrel volta a marcar pontos com um rabilho de 453 kg abordo do “Shangai” e Jeanine F. Legrand bate-se a dois recordes femininos de rabilho no “Torero” e em dois dias consecutivos.
Joseph Franck, quiçá o armador que fez mais escola no Faial, bateu-se pela política do tag and release, isto é: marcar o peixe e libertá-lo. Aliás não era o único a ter essa opinião e esta prática transformou-se num procedimento normal.
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Entretanto, alguns armadores locais tinham-se lançado nesta aventura e a presença de grandes profissionais, de todo o mundo, criou uma elite de faialenses na área do Big Game Fishing
Infelizmente os grandes peixes começaram a rarear e a frota de luxo com base na Horta procurou outros pesqueiros. “Bandit”, “Torero” “Andromeda”, a parelha “Madam” e “Hooker “, “Cepheus”, etc. partiram.
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Depois de anos menos bons, embora não pareça que o porto da Horta venha a recuperar a sua aura das grandes pescas, continuam por aqui alguns barcos dos quais, pelo menos, dois o “Habitat” e o “Dois Peixes” (ex-“Double Header”) pertencem a armadores locais.
Para além disso o “Xácara” continua por cá, e o “Brasília” e o “Makaira” juntaram-se à nossa frota.
As pescas têm melhorado. Mais peixe e grande profissionalismo das tripulações são factores determinantes para as grandes pescarias.
Quase podemos dizer que os bons dias estão de volta.
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Texto - João Carlos Fraga
Fotos - Aurélio Vieira / Luís Correia
25/11/2009
21/01/2010
25/01/2010